sexta-feira, 3 de agosto de 2012

DESPROPÓSITO - Um ponto de partida ?



Ação de performance e intervenção urbana que já propõe outros espaços para sua prática artística, além do que já é convencionado, talvez não deva se enquadrar em traços, moldes de uma sociedade capitalista que nos exige o exclusivo, a novidade, o autoral, o MEU,ou melhor o só meu, como ponto chave para um acontecimento, artístico ou não.
Por mais que nosso corpo seja diariamente atravessado por questões e conflitos sociais, nem sempre os mesmos nos gritam a face ou se mostram externados em bandeiras, ou mesmo nos movimentando, se mostram desgastados, banalizados, ou simplesmente não nos contemplam. 
Queria falar aqui de um grito interno de um despropósito inicial, penso que um “despropósito” não está no mesmo lugar que o “sem propósito”. Vivenciar o despropósito talvez seja um caminho de NO CAMINHO se encontrar com seus propósitos, conversar com eles, aliar forças para seguir viajem.
A maravilha de tomar um chá com seus propósitos, quando claro eles aceitam conversar, talvez seja um ponto chave para um acontecimento real, vivo e transparente. 


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

Desta pedra, deste caminho, deu-se um poema!

Desejo de estar aberto ao vir a ser ...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MILTON SANTOS - METAMORFOSES DO ESPAÇO HABITADO


10. Espaço, o que é
Segundo A. C. da Silva (1986, pp. 28-29 ) "as categorias fundamentais do conhecimento geográfico são, 
entre outras, espaço, lugar, área, região, território, habitat, paisagem e população, que definem 0 objeto da 
geografia em seu relacionamento. (. . .) De todas, a mais geral - e que inclui as outras é o espaço".
Mas paisagem e espaço são coisas diferentes. Como o vocábulo  paisagem,  a palavra espaço também é 
utilizada em dezenas de acepções. Fala-se em espaço da sala, do verde, de um país, de um refrigerador, 
espaço ocupado pelo corpo etc. É um dos termos que mais possui verbetes nos dicionários e enciclopédias; e 
em alguns comparecem com centenas de sentidos diversos.
Palavras como vermelho, duro, sólido não têm seus significados colocados em dúvida, estão associados a 
experiências elementares. O que não acontece com a palavra  espaço, freqüentemente substituída por lugar, 
território etc. A palavra é mesmo muito utilizada como substantivo, assim espaço do homem, do migrante, do 
sedentário etc. A própria palavra paisagem é comumente utilizada para designar o espaço.
O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre estes objetos; não entre estes 
especificamente, mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos ajudam a concretizar uma série 
de relações. O espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, inter mediados pelos objetos, 
naturais e artificiais.


11. A paisagem não é o espaço
Não há, na verdade, paisagem parada, inerme, e se usamos este conceito é apenas como recurso analítico. A 
paisagem é materialidade, formada por objetos materiais e não-materiais. A vida é sinônimo de relações
sociais, e estas não são possíveis sem a materialidade, a qual fixa relações sociais do passado. Logo, a 
materialidade construída vai ser fonte de relações sociais, que também se dão por intermédio dos objetos. 
Estes podem ser sujeitos de diferentes relações sociais - uma mesma rua pode servir a funções diferentes em 
distintos momentos.
A sociedade existe com objetos, é com estes que se torna concreta. Por exemplo, São Paulo tem dezesseis 
milhões de habitantes, mas se não explicamos como estes se movem, para o lazer, para o trabalho, para as 
compras, como eles habitam, como participam na reprodução social etc., não estou me referindo a São Paulo, 
mas apenas a dezesseis milhões de pessoas...
A paisagem é diferente do espaço. A primeira é a materialização de  um instante da sociedade. Seria, numa 
comparação ousada, a realidade de homens fixos, parados como numa fotografia. O espaço resulta do 
casamento da sociedade com a paisagem. O espaço contém o movimento. Por isso, paisagem e espaço são 
um par dialético. Complementam-se e se opõem. Um esforço analítico impõe que os separemos como 
categorias diferentes, se não queremos correr o risco de não reconhecer o movimento da sociedade.
Imaginemos a cidade de Salvador no dia primeiro de junho de 1987, às quinze horas.  Teríamos uma 
determinada distribuição das pessoas, da produção sobre o território. Três horas mais tarde, esta distribuição Milton Santos
seria outra. O conjunto de trabalhos e atividades muda, assim como a visão do conjunto. O movimento das 
pessoas corresponde à etapa  da produção que está se dando naquele momento. Todos são produtores - o 
operário, o artista de teatro, o vendedor de supermercado, o intelectual, o motorista de táxi etc., mesmo quem 
não está diretamente no processo de produção, já que também consome. É a  maneira com que se dá a 
produção, e o intercâmbio entre os homens que dá um aspecto à paisagem. O trabalho morto (acumulado) e a 
vida se dão juntos, mas de maneiras diferentes. O trabalho morto seria a paisagem. O espaço seria o conjunto 
do trabalho morto (formas geográficas) e do trabalho vivo (o contexto social).
Há uma adequação da sociedade  - sempre em movimento  - à paisagem. A sociedade se encaixa na 
paisagem, supõe lugares onde se instalam, em cada momento, suas diferentes frações. Há, dessa maneira, 
uma relação entre sociedade e um conjunto de formas - materiais e culturais. Quando há uma mudança social, 
há também mudança dos lugares  - por exemplo, a invasão de São Paulo pelos pobres, há cerca de vinte e 
cinco anos. Diríamos, com Edward Soja (1983) que a sociedade está sempre espacializando-se. Mas a 
espacialização não é o espaço. A espacialização é um momento da inserção territorial dos processos sociais. 
O espaço é mais do que isso, pois funciona como um dado do próprio processo social.

12. A espacialização não é o espaço
O espaço é o resultado da soma e da síntese, sempre refeita, da paisagem com a sociedade através da 
espacialidade.  A paisagem tem permanência e a espacialidade é um momento.  A paisagem é coisa, a 
espacialização é funcional e ó espaço é estrutural. Ë1 paisagem é coisa relativamente permanente, enquanto 
aespacialização é mutável, circunstancial, produto de uma mudança estrutural ou funcional.  A paisagem 
precede a história que será escrita sobre ela ou se modifica para acolher uma nova atualidade, uma inovação. 
A espacialização é sempre o presente, um presente fugindo, enquanto a paisagem é sempre o passado, ainda 
que recente.O espaço é igual à paisagem mais a vida nela existente; é a sociedade encaixada na paisagem, a 
vida que palpita  conjuntamente com a materialidade.  A espacialidade seria um momento das relações  
sociais geografizadas, o momento da incidência da sociedade sobre um determinado arranjo espacial.
A espacialização não é o resultado do movimento da sociedade apenas, porque depende do espaço para se 
realizar. No seu movimento permanente, em sua busca incessante de geografização, a sociedade está 
subordinada à lei do espaço preexistente. Sua subordinação não é à paisagem, que, tomada isoladamente, é 
um vetor passivo. É o valor atribuído à cada fração da paisagem pela vida - que metamorfoseia a paisagem 
em espaço  - que permite a seletividade da espacialização. Esta não é um processo autônomo, porque, na 
origem, depende das relações sociais e na chegada não é independente do espaço, nem o seu conceito 
substitui o conceito de espaço. A espacialização também não é apenas o resultado do movimento da 
sociedade, porque depende do espaço.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Dança da cidade

O dia em que tive certeza de que todo corpo deseja dançar.
Vestimos diariamente nossas armaduras, cascas e vamos para a rua fazer o que devemos fazer, o que não queremos fazer e pouquíssimas vezes a ação se coloca em um lugar libertário ou de fato autônomo.
Levar este corpo a dançar pela cidade, sendo esta seu palco e os seus sons sua música, torna o ato um movimento de ruptura e escava as novas possibilidades de ser no espaço.
Sejamos um grito!
















Fizeram o corpo humao comer, fizeram-no beber para evitar de fazê-lo dançar.” ANTONIN ARTAUD.

domingo, 29 de julho de 2012

Queria sustentar a leveza do ser até que pesou


Queria sustentar a leveza do ser até que pesou






“Finalmente, a viagem conduz à cidade de Tamara. Penetra-se por ruas cheias de placas que pendem das paredes. Os olhos não vêem coisas, mas figuras de coisas que significam outras coisas.”         
Cidades Invisíveis 




Intervir/performar/compor/voar

Acontece um corpo assim, social, que leva em si o peso de ser corpo social contemporâneo.
Este propõe um experimento para a busca da leveza do ser e sua possibilidade de voar, vir a ser assim leve junto a balões como extensão do seu corpo. 1 corpocombalões.
Traça-se uma cartografia afetiva do ser corpo em relação aos novos, velhos corpos da cidade.
Este corpo torna-se sobrevivente no estado líquido das coisas em tempos de Biopolítica que assim, sobre patins pensa trazer a fluidez deste corpo como opção,mas se vê aprisionado a vagar a todo tempo semprefluidoatépesar, que dói,pesa, sente e se desfaz, uma base em 8 rodas, não há sólidos, há solidão.
No andar,pesa, perde seus sopros de vida.

NÃO HÁ BALÕES,NÃO A LEVEZA, HÁ O PESO DE SER ser em SOBREVIDA.
No encontro com outros corpos, firma-se como corpo em descoberta, este troca, propõe, é movido, provocado, pelo BOM DIA, consumo, das lojas,da vida, que ri e pesa, compõe o silêncio e o caos da cidade, vem a ser objeto de significação irracional, do sentir a poesia cansada da vida que come.



Procedimento “Corpo de Luxo para espaço de Lixo”


Procedimento “Corpo de Luxo para espaço de Lixo”
11/06 – Ouro Preto
 A proposta deste procedimento foi explorar as possibilidades de relação e estranhamento de um corpo de luxo em um espaço de lixo, acontecimento que não se dá com frequência cotidiana.
Podem-se observar inclusive os espaços de lixo na cidade, como locais muitas vezes esquecidos, evitados ou indiferentes.
A potência de uma relação do corpo que segue um padrão social de comportamento e em se vestir com o lixo, se dá como uma intervenção de valores sociais pré- estabelecidos, a começar pela relação direta do lixo como lugar inabitável e a incompatibilidade do mesmo, com um corpo bem vestido. A partir desta modificação do espaço urbano, começa-se a levantar as possibilidades de leituras da composição, seja por uma tentativa racional de entendimento do desejo do corpo no espaço de lixo e também por um atravessamento de sensações na relação da composição com os indivíduos.


Experimento Ambiental






A proposta apresentada se deu pela possibilidade de experimentação corporal em relação a um Ambiente proposto anteriormente como estímulo de criação para acontecimentos cênicos/ Performáticos.
A idéia investigativa da experiência, foi de como se daria a criação cênica tendo como estímulo um ambiente proposto a ser explorado pelos performes. A partir do entendimento de Arte Ambiental proposto por Oiticica que trazia um lugar a ser modificado e praticado por visitantes as obras. 
O questionamento era de como esta   "Arte Ambiental" poderia também ser praticada como procedimento de criação cênica em processos do fazer teatral e experiências performáticas. 

sábado, 7 de julho de 2012

Vida como um fluído não tempo de sentir as coisas

Neste momento, querendo iniciar a escrita em meu novo desafio, compartilhar acontecimentos, um blog, sensações, cuidado, uma vida líquida fluída e meus diversos anseios de não conseguir sentir, refletir, antes de lançar para fora.
A prática da escrita, o pouquíssimo tempo, me desafio.

12:50 - Decidi que hoje quero iniciar o blog, tenho desejos de escrita, de reflexão.  descubro a pouco que há um trabalho "iluminação" para já, mal tenho tempo, não tenho grana, preciso trabalhar.

12:56 - Tenho exatamente 10 minutos para já, poder me expressar, questionar-me de mim mesmo, minhas ações, porque não é possível em tempos de vida corrida, eu no auge dos milhares afazeres, poder sentar sentir e relatar as coisas que sinto.

12:58 -  Movimento- me de forma estranha, brigo para tentar agir, sobre o tempo da cidade, o fluído dos acontecimentos sem pausa, quero uma pausa. Penso que assim modificaria o fluxo de tudo, chegaria em outros lugares, me movimentaria como potência de vida em que o peso de SER tenta me moldar cotidianamente.

13:00 - Certo, percebo que a forma da escrita, além de rápida está cronometrada, porque não poderia eu quebrar o fluxo, e de forma nada, nada fluída vivenciar o meu tempo ? meus novos espaços, espaços estes que de novo, sendo até repetitivo me sufocam e não me permitem, sentir.

Vejo meu possível manifesto embaraçado dentro de mim, talvez quase imperceptível ao que lê.
Um grito que ainda sai em silêncio, começa aos poucos a buscar o DESVIO.
 Desvio do sei lá o que, Desvio do o quê terá, terá que fazer.

Sobre o sufoco e em um contra tempo lanço-me no espaço, junto aos tantos poderes que me tomam como parte, parte de um todo.
Sinto que aos poucos vou quebrar, posso parar o meu rio, solidifica-lo porque não ?

Por favor, tudo isso tem sentido.  13:05

da próxima quebrarei o cronometro, não há de se jogar sempre com o tal do tempo, ou há ?

13:06 - indo trabalhar.

Preciso revisar o texto ...

POR FAVOR, JÁ NÃO HÁ TEMPO PARA ISSO.